domingo, 30 de setembro de 2012

ÉRICA

ÉRICA

Teus olhos tão soberbos não encaro!
A vida não me deixa solução,
Quem fora amor mordendo fica caro,
Ajoelhado estou, peço perdão!

Se imaginasse assim, tivesse faro,
Por certo preferia a solidão.
Vagando pelas ruas sem amparo,
Lambendo estes teus passos sou um cão.

Não maltrate quem te ama, minha amada!
A vida sem amor é quase nada,
É rio que se perde do seu leito.

Não precisa gritar assim, histérica,
Nem tudo nesse mundo é tão perfeito.
Mas, por favor, não me abandones Érica!

MARCOS LOURES

EMANUELE

EMANUELE

Deus existe? Pergunta que repito,
Invariavelmente a cada dia...
Por vezes imagino que acredito,
Por outras me respondo: é fantasia!

Ateu, de vez em quando faço um rito,
Escrevo tantas vezes, poesia.
Nas noites que não durmo, mais aflito,
O frio me trazendo outra sangria

O medo me refaz desta coragem
Que tantas vezes vem e prejudica
Não quero imaginar sequer bobagem,

Amor que não concebo me repele.
Rainha dos meus sonhos foi tão rica
Quando acordar te encontro Emanuele...

MARCOS LOURES

ELOÍSA

ELOISA

Nas guerras e nas camas peço paz!
Meus medos são remédios e doença.
Por vezes me percebo tão capaz
Mas quase não conheço quem convença.

Quem dera ser assim, um bom rapaz,
É coisa que não quero e vou sem crença.
Batuca no meu peito um capataz,
No fundo não me cabe nem compensa...

A noite se refresca em plena brisa,
O manto das estrelas me cobriu.
Nos versos dessa amada poetisa

Meus erros se acumulam, mais de mil.
Desculpe se machuco-te Eloísa,
Amores do meu jeito, mais viril.

MARCOS LOURES

ELISABETE

ELISABETE

Meus versos revelando velhos vícios
Vontade de viver, vera vertente.
Nas praças e nas poças, precipícios;
Nos vales e nas vias pertinente.

Se vago nunca deixo esses indícios
Vorazes véus velozes vivo urgente.
Amores que me moram são fictícios...
Nos campos de batalha inda sou gente...

Não vejo meus velórios sem confete.
Não tramo meus temores sem tropeços.
Nos ermos escrevi teus endereços,

Nos olhos criminosos, canivete.
Na festa dos amores, adereços;
Nos braços, minha amada Elisabete!

MARCOS LOURES

ELIANA

ELIANA

Raios solares, vida em tempestade!
Nos brilhos ardorosos, queima, em brasa...
Pois todos os recônditos invade
E violentamente tudo abrasa!

Ardendo com possante claridade,
Penetra cada cômodo da casa,
Eflúvios de beleza e de saudade,
Minha vida, seus brilhos, já se embasa.

Procuro por teus raios sedutores,
Neste fototropismo alucinante!
Agitando, potente, meus amores,

Trazendo aos meus sonhares tanta gana!
Ó deus destes delírios seu amante
Já busca por seus raios: Eliana!


MARCOS LOURES

ELAINE

ELAINE

Nas origens da Terra, escuridão
Absoluta, total... Nem sequer brilho!
Na treva verdadeira, céu e chão
Se confundindo... Qual um andarilho

Caminha no deserto, no sertão,
Sem ter sequer noção, precisa trilho,
Assim também caminha um coração,
Vai buscando ecoar seu estribilho...

As luzes que surgiram sobre a Terra,
Exaladas da estrela que ensolara,
Florescendo nas mata, campo, serra,

Permitindo que tanto sonho plaine
Embelezando etéreos. Joia rara,
Amor, também rebrilha em ti, Elaine...


MARCOS LOURES

SEM LIMITE

 SEM LIMITE

Não quero o desconforto da saudade,
Meus dias não serão em vão, perdidos...
Passado me negando claridade,
Os bosques dos prazeres, esquecidos...

A vida sempre nega eternidade
Os tempos mais felizes, tempos idos...
Meus mundos que velei, sem claridade,
As vozes dos amores nos ouvidos...

Cantando, solitário trinca ferro,
Espera pela amada que não vem...
Coração na gaiola solto um berro...

Esperando um amor em que acredite,
Coração passageiro perde o trem,
Porém vivo este sonho. Sem limite...

MARCOS LOURES

GUERREIRA

 GUERREIRA

Nas guerras e batalhas siderais,
As expansões celestes num cortejo
Criando batalhões mais irreais,
Desfilam deslumbrando meu desejo.

Entre estrelas, planetas os sinais
Que demonstram verdades num lampejo.
Em tropéis gigantescos, canibais,
O céu perde, um momento, o azulejo...

Nas flamejantes lanças, holocausto!
Toda a dor explodindo neste infausto...
Miasmas e matérias se confundem...

Por um instante louco, uma viseira
Se ergue. Meus olhos noutros olhos fundem,
Amor, uma esperança, uma guerreira...

MARCOS LOURES

DÓRIS

 DÓRIS

Netuno, num momento de paixão,
Encontrou no seu mar bela sereia.
Revoltoso oceano: ebulição!
Em tsunamis desmancha-se na areia!

Um amor gigantesco quando arpeia
Um fantástico deus, seu coração,
Todo o mar, num momento, se incendeia;
Num segundo, este mar vira sertão.

Da beleza do encontro deste deus,
Com a linda sereia, encantadora,
Uma chama flameja, cessam breus.

A sereia engravida-se dolente...
Semi-deusa encantando toda gente,
Meu amor, em teus braços Dóris, mora...

MARCOS LOURES

DIVINA

DIVINA

À vida, não me prendo, pois é frágil.
Minha alma, sim, eterna caminhante...
O tempo de viver, esse é tão ágil,
Transcorre num segundo delirante.

A dor que te consome e que palpita,
Por certo findará, tenha certeza.
Toda tristeza passa, pois finita.
Manhã quando renasce traz leveza.

A amarga solidão, seu desconforto,
O látego ciúme, tudo passa...
Os males procelários acham porto...

A vida se refaz, tão cristalina...
Minha alma anda feliz e não disfarça,
Pois encontrou, enfim, seu par: Divina!

MARCOS LOURES

TEMPOS IDOS

TEMPOS IDOS...

Meu rumo sem teu rastro morre cedo.
Buscando por prazeres e delícias,
Na espera de viver contente, ledo,
Gozando de perfeitas mãos, carícias...

A vida me omitindo seu segredo,
Tortura-me feroz, duras sevícias...
Trazendo-me fatal, cruel medo.
Não deixa-me sequer outras notícias

Do tempo em que, felizes, encontramos
Os olhos e seus brilhos confundidos...
Do tempo onde sinceros, nos amamos.

A fonte do prazer adormecida...
Fonte da juventude já perdida.
Procuro minha amada, tempos idos...

MARCOS LOURES

DINAH

 DINAH

Ao trazeres teus louros da vitória,
Nevrálgicos sentidos me revelas.
Na vida sempre foste meritória
De todas as belezas destas telas

Que pintam artesãos à tua glória!
As flores me negaste, mais singelas.
Teus planos invadiram minha história,
Faróis que sempre ofuscam pobres velas...

Liberdade resulta em tanto pejo.
Enojada, me mostras os teus feitos
Sabendo que jamais terás cortejo.

Mas amo tua forma de brilhar!
Teus olhos e teus cantos são perfeitos...
Dinah, resplandecente qual luar!

MARCOS LOURES

DESIRÉE

DESIRÉE

Em flocos invernais, meu sentimento...
Desmorona-se a cada tempestade...
O medo que comporta o frio vento,
Amaro gosto, sangra a saudade...

As falhas pressupõem longo tormento.
Meu arrependimento, veio tarde.
Inverno derramando violento,
A morte se mostrando, na inverdade...

Nos pinheirais flocados pela neve;
A sombra estonteante, porém breve,
Me traz as esperanças de viver!

É fronde que promete-se tenaz;
Desejo bem mais forte, renascer,
Desirrée, desejada, traz a paz...

MARCOS LOURES

DÉBORA

DÉBORA

Mulher que me entolece com olhares
Sutis e penetrantes qual um raio...
Em meio a cataclismos estelares,
Deponho meus desejos. Tonto, caio...

Levando meus anseios, corcel baio,
Desesperadamente, lejos mares...
Ausculto teus cantares nos altares
Ofusca-me este lume, então desmaio...

Mulher que me entristece se não vejo!
Emblemático manto do futuro.
No canto que decifro, meu desejo.

Uma abelha rainha , sou zangão,
Esperando esta morte, com apuro,
Débora, me devora o coração!

MARCOS LOURES

DANIELA

DANIELA

Felicidade, sonho que naufraga
Nas ondas deste mar imaginário.
A vida se devora qual a draga
Que me transformará, pobre cenário...

Fragata sem destino, busca plaga
Onde ancorar. Encontra meu aquário,
Roto, qual fora, simplesmente, praga...
Felicidade, sonho solitário!

Em meio a devaneios, aquarela
De cores infindáveis, rutilantes...
Na busca dos prazeres inconstantes,

Um sorriso emoldura toda a tela.
Nascendo dos meus medos, triunfante,
Espelha uma esperança, Daniela!

MARCOS LOURES

sábado, 29 de setembro de 2012

DAISY

 DAISY

Amor se prometendo mais sincero,
Em busca de teus olhos, vago o dia...
Por vezes te encontrei, sentido fero,
Nas outras me embalava a fantasia...

Sozinho, por teus lumes sempre espero
Na brusca indecisão sem valentia.
Amor, simples palavra que venero,
Embalde te esperei com galhardia...

Agora, com meu tempo se esvaindo,
A tarde se mostrando mais feroz.
No dia que renasce, claro, lindo;

Escuto teu cismar pela montanha.
Remoendo-me inteiro, vem veloz,
Explodindo-se em Daisy, força estranha!

MARCOS LOURES

CRISTINA

 CRISTINA

Das noites sepulcrais, revivo, pasmo;
Grilhões que me maltratam, são quimeras...
Vivendo num caótico marasmo,
Não quis a parcimônia com que esmeras

Os casos teus de amor. Entusiasmo
Contido, sentimentos sem panteras
Nem garras, sem dentadas nem sarcasmo.
Amor que não promete loucas feras!

Distante de teus olhos, alma exora...
Presume teu perdão, com galhardia.
Preciso refazer meu mundo agora,

A dor desta saudade me alucina!
Não deixe-se acabar a fantasia,
Rebenta tais grilhões d’amor Cristina!

MARCOS LOURES

NOITE PUJANTE

 NOITE PUJANTE

Brados descomunais, noite pujante.
No ganido longínquo, sofrimento...
Disforme sentimento dum gigante,
A vida se refaz cada momento.

Melancolia chega, estonteante,
O vento se resume: açoidamento.
Na lápide dos sonhos, minha amante.
A dor em mim procura alojamento...

Soberba e soberana, lua atroz...
Não sabes nem sequer minha existência!
Um brado delirante, tão feroz;

Percorre por espaços siderais...
Quem sabe, enfim, terás santa clemência
Querida, ouvindo o brado e os meus ais!

MARCOS LOURES

CLEONICE

CLEONICE

Amar é meu tormento mais constante,
Os versos que te faço, meu empenho...
Palpita um sentimento delirante,
Sem forças, vou tentando e me contenho!

Amor que me transforma num gigante,
É mais do que consigo e do que tenho.
No canto que te faço, minha amante,
Eu tento transformar teu duro cenho.

Fogueira que me abrasa, forte chama.
Meu amor desenhando sua trama,
Não diga, por favor, não é tolice.

A dor que me exaltando, me levanta,
Também é semente para a planta.
Assim como p’ra vida, Cleonice!

MARCOS LOURES

CLARISSE

CLARISSE

Trazes todas estrelas que quiseres,
Os céus só são brilhantes porque existes.
Em todos os amores que me deres,
Meus versos deixarão de serem tristes!

Tu és rainha e deusa, bela Ceres
Mas, verdadeiramente, não são chistes,
Eu encontrei em ti, tantas mulheres.
Apaixonadamente, lanças, ristes

(És banquete completo, mil talheres...)

Trago, nas entranhas, tantas dores...
Dum tempo que morri e ressuscito.
Vida se diluindo em estertores.

Vieste como luz, que enfim eu visse,
Trazendo as esperanças, vivo grito,
Da vida renascer em ti, Clarisse!

MARCOS LOURES

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CINIRA

CINIRA

No país dos meus sonhos mais sensíveis,
Um canto merencório me alucina.
Cantado por sopranos invisíveis,
A música me invade, cristalina!

Acordes dissonantes, tão incríveis,
A noite dos idílios descortina.
Trazendo tais tristezas incabíveis.
A lágrima maltrata e me domina!

Um som maravilhoso, mas tristonho,
Qual fosse maldição que se cumprira.
Meu mundo se refaz, procuro o sonho,

Envolto está no canto que delira...
Nos barcos deste sonho então me ponho.
Nesta harpa delirante de Cinira!

MARCOS LOURES

CHRISTIANE

CHRISTIANE

Num templo abandonado no deserto,
Encontro tua imagem, cristalina.
Dos sonhos que já tive, estive perto,
Imagem tão risonha, me alucina!

Não sabia: sonhava ou mais desperto,
À sombra do retrato, minha sina!
Amor, o sentimento que eu oferto,
Àquela cuja imagem determina.

Um sonho? Vão delírio de um poeta?
Não posso precisar, falta certeza.
Qual força me enlouquece e arquiteta

O rosto desta bela criatura?
Em pleno afresco fosco, esta beleza,
A amada Christiane brilha, pura!

MARCOS LOURES

CÉLIA

CÉLIA

Amar como eu te amei, a vida inteira...
Sem medo e sem vontade d’um adeus.
Em cada noite, a lua mensageira
Trazendo claridade nos meus breus.

A tarde das angústias, derradeira,
No amor, meu sacrifício, louva-deus!
Não canto despedida, faço esteira
Dos raios, dos luares, louvo a Deus...

Embora já temi o meu destino,
A morte não trará essa incerteza.
A vida noutra vida outra beleza!

Eterno coração, velho menino...
Amor igual ao nosso, mansa fera,
Só Célia me traria, tão sincera!

MARCOS LOURES

CÁTIA

CÁTIA

Sim, decididamente não me queres!
Os teus olhos trazendo esta verdade.
Tantas vezes carrego meus halteres
Tentando convencer-te. Vaidade
E suplícios. Em vão! Sei que preferes
Palavras envolventes, claridade,
Os lumes estrelares. Caracteres
Mais concisos, assim, restou saudade!
Que poderei fazer? Não faço verso!
Meu mundo se resume: academia!
Nos músculos está meu universo!
Cátia, estarei buscando um claro dia,
Torrente caudalosa e tão completa,
Que me faça acordar, livre, poeta!

MARCOS LOURES

CASSIANA

CASSIANA

É certo que pequei, eu não discuto.
Errei ao perseguir teus mansos passos.
Tantas vezes, perdido, fui tão bruto.
Outras tantas, busquei-te, vãos abraços...

Ao longe, transtornado, então me enluto;
Por ter, assim, entrado em teus espaços;
Tens razão: destruir um podre fruto,
Rebentará, decerto, falsos laços.

Mas peço, por favor, por caridade,
Não deixes este sonho se acabar!
Em vão, já procurei pela verdade,

A luta se mostrou leda, temprana...
A noite, meu amor, trouxe o luar,
Te espero, minha amada Cassiana!

MARCOS LOURES

CASSANDRA

CASSANDRA

És minha companheira mais fiel!
Toda dor que esta vida sempre dá
Momento tão difícil, mais cruel,
Na lua que jamais retornará,

És a certeza plena que há um céu!
Amiga, onde estiveres, estou lá,
És todo o meu sustento, meu farnel!
Meu sonho, nunca mais, se findará!

Por vezes me encontraste abandonado,
Sozinho, sem promessas de esperança.
A vida parecendo um peso, um fardo...

Rastejo minhas dores, salamandra,
Teus braços me levantam, na aliança
Eterna deste amor, minha Cassandra!

MARCOS LOURES

CAROL

CAROL

A vida amanhecendo ensolarada.
Andorinhas, pardais, cantam bom dia,
Nas árvores louvando. A passarada,
Plena satisfação na cantoria!

Um manto de esplendor, de fantasia,
Se espalha na manhã, linda, orvalhada!
O mundo inteiro vive essa alegria,
Todos, menos minha alma apaixonada!

Uma nuvem tristonha perde o sol,
Embora tanta vida se deslinde.
A natureza, bela neste brinde,

Esquece deste pobre girassol.
Antes que esta manhã, linda, se finde;
Espero por teu beijo enfim, Carol!

MARCOS LOURES

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CARMO

CARMO

Altares dos amores que sonhei
Nossas manhãs, cetim e veludo.
Amor que sempre, louco, procurei
Tuas mãos são promessas. Não me iludo.

Teus palácios, castelos, tua lei.
No templo do talvez e do contudo,
No teu mundo de sonhos, mergulhei.
Retorno do teu reino, quieto, mudo...

Amar perdidamente, minha sina...
Os versos de ansiedade e de tortura...
A noite simplesmente me alucina.

Nas torres, teu castelo, tanta altura,
Meus olhos se turvando em tal neblina.
Meu amor te encontrou, Carmo, tão pura...

MARCOS LOURES

CARLA

CARLA

Desejados carinhos desta lua...
Infinitos os raios que me dás,
À noite, a esperança que flutua
Me traz a verdadeira e mansa paz..

A visagem serena, bela, nua,
Desta mulher fantástica, voraz,
Que navega meu mar, numa charrua...
Na visão mais dileta, mais audaz...

Um escultor, ao vê-la, disse: parla!
Meu canto de louvor a ti dedico.
As palavras, não gasto numa charla.

Meu rimar, ao sonhar-te, sempre rico.
Amor igual ao meu, somente explico
No brilho dos teus olhos, bela Carla!

MARCOS LOURES

CÂNDIDA

CÂNDIDA

Folhas secas, tristonhas, sobre o chão...
Silenciosas tardes, vento frio.
Meu pranto de ansiedade, coração,
Esperando, seguindo tão vazio...

Tanto tempo perdido, vou em vão...
A chuva me impedindo o claro estio,
Em busca simplesmente do perdão.
Deste nada, total nada, sombrio...

Mas, de repente, brilhos no horizonte...
A Terra se cobrindo de esplendor.
As águas renascendo velha fonte.

A luz iluminando noite escura.
De novo conhecer o que é amor!
Olhos desta mulher, Cândida, pura...

MARCOS LOURES

BRUNA

BRUNA

O sol se transformando em espetáculos!
As praias, belos mares e sereias
Amor se diluindo, seus tentáculos,
Invadem litoral, quentes areias...

Morenas desfilando. Nos oráculos,
A febre dos amores me incendeias...
Nos altares divinos, tabernáculos,
Nas praias os desejos entram veias...

Caminhos de corais, longas jornadas,
As ilhas tão distantes, minha escuna..
Belas sereias, nuas, encantadas...

Elfos e silfos, vento manso, sonho...
Num marulho suave, um barco ponho...
Meu barco, meu amor, morena Bruna...

MARCOS LOURES

BIANCA

BIANCA

Noite clara de amor, imensidão!
Nos céus e nas montanhas tanta alvura...
Nas palavras, no vento, mansidão..
Um sendeiro fantástico de ternura.

Marinhos caracóis trazem paixão
As ondas se rebentam com brandura...
Espumas, calmaria... Na amplidão
A lua se deslinda em paz, brancura...

Uma nova sereia traz o mar.
Os cavalos marinhos, os corais,
As águas transparentes, o luar...

Estrelas desfilando; noite branca...
Amor que revelou-se mostra a paz,
Nos olhos radiantes de Bianca!

MARCOS LOURES

BERTA

BERTA

No fundo do oceano revoltoso,
Serpentes, calabares tão terríveis
Abismo tão profundo, tenebroso.
Gigantes monstruosos, invencíveis!

Tanto brilho estrelar, misterioso,
Dos peixes abissais, seres incríveis!
Caminham quais cometas! Glorioso
Mar de fantasmagóricos desníveis...

Céus de estrelas diversas, tão gigantes...
Nas luzes de cometas e quasares,
Universos de cores radiantes!

Amor, no sentimento delirante,
Amantes se iluminam nos luares...
E Berta, gloriosa e tão brilhante...

MARCOS LOURES

BERNADETE

BERNADETE

A nossa casa, amor, já não existe...
Procuro meus quintais, não mais os vejo.
Meu bem, a vida queda-se tão triste!
A morte vem chegando, em seu cortejo!

Um frágil coração jamais resiste
À ausência dolorosa do teu beijo!
Sou pássaro faminto, sem alpiste,
Sou tarde que perdeu seu azulejo!

Vivendo de ilusões cadê a casa
Onde fomos felizes? Sem jardim,
Mergulho esse infinito, sem ter asa.

Meu mundo se perdendo, sem confete...
É quarta feira, cinzas, mesmo assim,
Teu nome irei gritando: Bernadete!

MARCOS LOURES

ÁUREA

 ÁUREA

Olhos fitos buscando por um sol.
Encontro essa riqueza que deixei.
Em meio aos arquipélagos, atol,
Ilha aonde pensava ser o rei!

Minha boca ansiosa te beijei,
Num momento julgava-me farol.
Como é cruel, Meu Pai, a tua lei!
Agora vou sozinho, um catassol!

Dourados os caminhos que passara,
Inebriei-me, tonto, mas passou...
A jóia que dispunha; viva e rara

Depois desta tormenta, sobrou nada!
Vazio o coração agora vou,
Buscando te encontrar: Áurea dourada!

MARCOS LOURES

ARLETE

ARLETE

Trago-te meu delírio e meu remendo...
Minha alma se esgotou sem teus pendores...
As ondas que navego, sem as cores,
São lumes que jamais, de novo, acendo...

Carinhos tão chagásicos vivendo,
Palpitam no meu sol, meus estertores...
Martírios deste mundo sem amores,
O corte do desejo repreendo!

Meu mundo não precisa fantasia,
Fanáticos momentos são inglórios...
A morte dos meus sonhos, sem velórios,

O canto da saudade é garantia.
Meu astro se desfaz, puro confete,
Renasce nos teus braços, Bela Arlete!

MARCOS LOURES

ANTONIA

ANTONIA

Alvorada que busco, meu desejo..
Nos braços das estrelas, adormeço.
O canto que dedicas, não mereço,
O medo de morrer me enche de pejo!

Na palidez tristonha, nada vejo,
A vida me transmuda sem tropeço.
Espero fantasias, adereço,
Em meio a tempestades, peço um beijo!

Nos campos procurando uma açucena,
A cor maravilhosa da verbena
Encanta meus olhares, me alucino...

Por quantas noites, tive tanta insônia,
Amor é sentimento em desatino.
A minha salvação: amada Antonia!

MARCOS LOURES

ARIADNE

ARIADNE

Magia encantadora conheci,
Nos frêmitos divinos, coração!
Por mundos tão fantásticos saí,
Procurando encontrar a solução

Do vazio que estava todo aqui,
Na quimera feroz, a solidão.
Anseio seus mistérios, me perdi,
À procura do afago, seu perdão!

És pura, teus caminhos sem deslizes,
Sem marcas, que enodassem teu passado.
Por mais que sempre foram infelizes,

Os dias que passast; mas, dulcíssima
Perdoa coração apaixonado.
Ariadne, mulher linda e castíssima!

MARCOS LOURES

APARECIDA

APARECIDA

No mel de tua boca, pleno gozo,
Nos ventos, meu orgulho de lutar.
Por vezes, meu caminho é andrajoso,
Distantes esperanças, céu e mar...

Vitórias sempre deixam orgulhoso
Quem sempre se perdeu por não amar.
Chama queimará pobre teimoso
Ao largo das estrelas, ao luar...

Travando mil batalhas contra a sorte,
Espero preservar a minha vida.
O coração boêmio teme a morte.

A juventude morre, má, fendida.
Amor que representa duro corte,
Renasce em teu olhar; Aparecida!

MARCOS LOURES

ANA

ANA

Vinda da noite estrela que me guia,
Seu brilho transformando minha vida.
O canto desta noite, fantasia,
A lua não pretende despedida.

Nos olhos dos cometas, ventania,
Minha alma, em desalento, vai perdida.
Silêncio nos amantes, noite fria,
A noite vai morrendo, amanhecida...

Embora tão distante, dos meus braços,
O canto que se escuta, não disfarça.
Teu rosto nos espaços, finos traços...

Coretos alegrando plena praça,
Em gracioso desejo, branca garça.
Vai Ana, caminhando, plena graça!

MARCOS LOURES

TÃO BELA MANHÃ

TÃO BELA MANHÃ

Tão bela, esta manhã, querida, estás,
Trouxeste tal frescor em teu sorriso
Que, juro, meu amor, eu sou capaz

De crer que ando com anjos, paraíso.
E chamo-te, em carícias, perco o siso,
E nas fotografias, te eternizo.

Posando, sensual, tu me revelas,
Em ângulos sutis, tua nudez.
Retratos se transformam, viram telas,
Marcando com delícias cada vez

Que mostras tuas formas delicadas.
Excito-me e te chamo para amar.
Tu ris e com teus lábios quais de fadas
Mordiscas meu pescoço, devagar...

MARCOS LOURES

TANTO AMAR

TANTO AMAR

Jamais eu deixarei de tanto amar
Estrela que me guia pelos céus...
Distante de teus raios, meu luar,
Por vezes escondido nos teus véus.

Estou sempre contigo, não percebes?
Meus lábios te procuram, madrugadas,
No vento que deitada tu recebes,
Nas horas mais tranqüilas, delicadas

No vento que te toca, teus cabelos,
No riso mais sereno e mais profundo.
Nos sonhos mais audazes, atropelos

Que te invadem. No teu mundo,
Em cada novo verso que fazemos,
Nos dias mais felizes que vivemos...

MARCOS LOURES

TUA PRESENÇA

TUA PRESENÇA

Não deixo de querer tua presença
Comigo em toda noite, uma bonança.
Amar é descobrir que uma esperança
Nos braços de outro alguém traz recompensa,

Quem vive tanto amor, às vezes pensa
Que a solidão terrível vem, alcança.
Mal sabe quando o vento sopra e dança
Fecunda a triste flor, em festa intensa...

A vida que se fora tão vazia
Se mostra assim perfeita, quando amamos.
Escute o meu cantar em poesia,

Desfrute do desejo que sonhamos,
Querida vou te amar, a cada dia,
Além do que nós dois imaginamos...

MARCOS LOURES

NÃO DEIXO DE QUERER-TE

NÃO DEIXO DE QUERER-TE

Não deixo de querer-te um só instante,
Vivendo nosso amor intensamente.
Não sai do pensamento nem da mente,
Amor que nos tomou, tão radiante.

Vibrando num desejo tão constante
De ter o teu carinho plenamente,
Não vejo outra saída, qual demente,
Eu quero o teu carinho, doce amante.

Preciso de teu colo, de teus beijos,
És bálsamo divino, luz e glória.
Revejo num momento, minha história

E sinto quão são fortes meus desejos.
A lua não se mais merencória,
Meu céu não tem mais nuvens, relampejos...

MARCOS LOURES

OUVIR A TUA VOZ

OUVIR A TUA VOZ

Ouvir a tua voz, querida amante,
Em versos e canções chamar meu nome,
Um sonho em maravilha, deslumbrante,
É como se matasse sede e fome

De um pobre caminheiro, neste instante,
Que a sorte tão benquista enfim se assome,
Dando rumo a meu barco, triunfante.
E a tristeza longínqua vai e some...

Tu és a redenção destes meus dias
Passados em vazias esperanças.
Amores não passavam de lembrança

Morrendo em versos duros, fantasias.
Agora que chegaste, a sorte acena
Nos olhos e nos seios da morena...

MARCOS LOURES

MINHAS QUIMERAS

MINHAS QUIMERAS

Trago minhas quimeras escondidas,
Quisera poder, último momento,
Saber sem tem segredos dessas vidas;
Que passeiam caladas num tormento.

Mar impossível, cala-se nas bridas
Meu coração mineiro solto ao vento
Nas vilas e favelas, sem saídas
Uma expressão de riso e sofrimento

Minha manhã melindra-se solar
As luas se perderam nos sertões
Caminhos não consigo mais buscar

Novo pó, refletido nos porões,
Sem porém, sem talvez, num novo altar.
Velhas jaulas, clausuras, meus leões...


MARCOS LOURES

SAUDADES TANTAS

SAUDADES TANTAS

Não consigo dormir. Saudades tantas
Tomando a minha noite, sou refém
Imerso nestes sonhos onde encantas;
Olhando para o lado... Sem ninguém...

Tua presença está até nas plantas
Regadas com carinho... Ah! Meu bem...
É como se eu sentisse que levantas
Passeias no meu quarto... Nada vem

Senão esta saudade tão amarga.
Espero que tu voltes para mim,
O sopro do teu corpo inda me afaga...

Escuto, de repente; o telefone..
Correndo como louco a cada trim...
A tua voz me chama em noite insone..


MARCOS LOURES

EU QUERO A TERNURA

EU QUERO A TERNURA

Eu quero a ternura
Que a vida nos traz
Viver com brandura
Certeza de paz.
Amor que perdura
Se faz mais capaz
A vida tão dura
Ficou para trás.
Eu quero voar
Na cama contigo,
Sempre te encontrar
Teu corpo, um abrigo.
Vamos namorar;
Pro resto eu nem ligo...

MARCOS LOURES

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

NOVA SENDA

NOVA SENDA

Já não me caberia nova senda
E mesmo quando pude desvendar
A marca noutro tom a me entranhar
Deveras cada passo não entenda,

A rústica expressão ditando a lenda

O verso sem saber onde ancorar
E o prazo noutro tanto a sonegar
O marco que deveras não se estenda.

Percebo o quanto quis e não viera

Sangrando nesta fonte mais austera
Bendigo cada passo que tentasse

Meu tempo sem ter tempo de sentir

O quanto poderia no porvir
Vencer o mais diverso desenlace. 



MARCOS LOURES

SOBRE AS PEDRAS

 SOBRE AS PEDRAS

Jogado sobre as pedras o meu barco,
O vento sem sentido e sem proveito
O tanto que deveras mais aceito
Expressa o quanto pude e sempre abarco.

O sonho quando veio se fez parco

A luta noutro anseio toma o leito
Do rio que se perde e quando deito
Encontro o descaminho em rude marco.

Não pude e nem devesse ser assim,

O fim se aproximando dentro em mim
E o sórdido sentido sem saber

O canto mais audaz que não teria

A sorte feita em luz ou agonia
A morte se desenha em bel prazer. 


MARES LOUCOS

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

QUALQUER SORTE

QUALQUER SORTE

Já não mais caberia qualquer sorte
A quem se fez aquém do quanto quis
E sei quanto pudera ser feliz
Quem tanto noutro rumo nos conforte,

A vida sonegando algum aporte

O manto se traduz em cicatriz
A sorte se desenha e por um triz
Apenas novo rumo adentre e corte.

Embora não tivesse mesmo um dia

E sei do quanto possa e não viria
O verso sem proveito e em tal vingança

A luta não desenha claramente

A face mais cruel e se apresente
O tanto que decerto o não alcança. 


MARES LOUCOS

TÊNUES ILUSÕES

TÊNUES ILUSÕES

Bailando sobre as tênues ilusões
Vagando sem destino vida afora,
O tempo na verdade desancora
E nisto traz aos sonhos mil versões.

Escarificam na alma as sensações

Do mais diversos medos e me apavora
Saber do quanto a vida não demora
Enquanto apenas medos tu me expões

Não mais me caberia qualquer farsa

Nem mesmo a solidão já se disfarça
E o peso de uma sorte se perdendo.

No caos gerado em nós; leda partilha

A vida noutro tom não mais rebrilha,
Resulta nesta face em tom horrendo. 



MARES LOUCOS

O AMOR

O AMOR

O amor se permitisse
Franqueza invés de luta
Ainda mais astuta
A sorte que eu cobice
E nisto esta tolice
Deveras não reluta
E gera o que se escuta
Além desta mesmice,
O todo numa parte
Pudera e não reparte
Apenas num instante
Amor quando demais
Ou mesmo em desiguais
Momentos; tanto espante. 


MARCOS LOURES

LIBERDADE

LIBERDADE

O quanto ficaria
De cada pensamento
Mudando num momento
Além da fantasia
E nisto ensinaria
No todo aonde atento
Presumo o que ora tento
E nisto uma alegria,
Colhendo o raro fruto
E sei que assim desfruto
Do todo em claridade,
Destarte se aproveita
A vida onde esta espreita
Traduz a liberdade. 


MARES LOUCOS

BELEZA SEM IGUAL

 BELEZA SEM IGUAL

Eu não me julgo sábio nem poeta
Apenas eu não sou este imbecil
Que tantas vezes tenta e nunca viu
A face mais sublime e predileta,

Aonde o verso apenas se completa

De forma mais suave e até gentil,
O tanto quanto possa se sentiu
Além de meramente espúria meta.

Vistosa maravilha, a poesia

Expressa com audácia o que traria
E nessa condição reinando esta arte

Não cabe nas palavras, pensamento

E quando bebo a sorte ou mesmo tento,
Beleza sem igual, já se comparte. 



MARES LOUCOS

SORTE DIVERSA

SORTE DIVERSA

Não queria ter a sorte
Mais diversa ou derradeira
Sendo a vida corriqueira
A palavra reconforte,

Mas no fundo em novo corte

Ao sentir esta ladeira
Esta sorte derradeira
Traz o medo que se aborte.

Não mereço alguma luz

Nem tampouco o quanto pus
Nestes versos sem certeza,

O que venha na verdade

Possa ser em claridade,
Mas trará nova surpresa. 


MARES LOUCOS

TUA VISÃO

TUA VISÃO

Tua visão tomando o pensamento,
Ao ver tanta beleza me inebrio
O amor ao se fazer um desafio
Transborda em alegria e sofrimento,

Vontade de te ter cada momento,
Teu corpo delicado e tão esguio,
No encanto que deveras eu recrio
O mundo aonde o amor se fez atento,

Tocando as tuas mãos, tua nudez
Tomada por total insensatez
Uma alma feminina se entorpece

E quando te beijando enfim me vejo,
Ansiosamente exposta ao teu desejo
Um dia em raras luzes amanhece.

MARCOS LOURES

ELA NÃO QUER VIVER COMIGO...

ELA NÃO QUER VIVER COMIGO...

Porém ela não quer viver comigo,
E sei do quanto a vida sem amor
Expressa o que pudera em tal horror
Gerando este temor que não persigo,


Imprevisível passo tão antigo,
O curto caminhar encena a dor
E nada mais pudera te propor
Senão este cenário em desabrigo.


Vestígios de uma sorte sem sentido
O todo noutro caos se transformando
Meu mundo tantas vezes mais infando


O corte se anuncia e não me olvido
Do tempo que vivera solitário
E sei deste tormento, atroz, diário. 


MARES LOUCOS

MUDANDO A DIREÇÃO DOS VENTOS

MUDANDO A DIREÇÃO DOS VENTOS

Mudando a direção de antigos ventos
O amor em voz sobeja se espalhando
Vivendo a cada instante desde quando
Tomara já de assalto os pensamentos,

Os dias solitários passam lentos
O mundo pouco a pouco demonstrando
Um ar quase terrível, desfiando
Mostrando fielmente os sofrimentos,

Mas quando enamorada eu me percebo
Um belo amanhecer assim concebo
E entregue sem defesas, busco o sol

Seguindo como fosse romaria
A luz deste prazer que me inebria,
Tornando-me do amor um girassol.


MARCOS LOURES

MORRER DE AMOR

MORRER DE AMOR

Morrer de amor, um sonho juvenil
Que agora já madura, enfim desfaço
E quando me percebo em falso passo,
No amor que a realidade não previu

Bebendo a fantasia, mesmo vil,
Eu tento vagamente qualquer laço
E nele outro momento em paz eu traço,
Embora me perceba mais sutil,

E resignadamente sigo o sonho,
E a vida novamente recomponho,
Porém em bases sólidas. Talvez...

Quem ama não descarta uma loucura
Que mesmo após tempestas já perdura
E o temporal deveras se refez.

DESCULPE-ME

DESCULPE-ME

Entranha em nossa casa esta alegria
Que tanto desejara em paz e glória
Mudando assim o rumo desta história
Aonde em luz terrível se fazia

Deixando no passado esta agonia,
Com ares de prazer, nossa vitória
A sorte se mostrando peremptória
A vida nunca mais seria fria.

Mas quando me aproximo de teu rosto
E vejo nele assim, o enfado exposto,
Procuro perceber se é minha a culpa,

E mesmo sem saber se isto é verdade,
Por mais que esta incerteza desagrade
Só peço por meu erro uma desculpa.